De acordo com o IBGE, metade das crianças brasileiras (47,8%), entre 5 e 9 anos, são obesas ou apresentam sobrepeso. O índice é causado, principalmente, pela má alimentação e sedentarismo, preocupa os médicos. Afinal, uma criança gordinha tem muitas chances de ser um adulto obeso e, consequentemente, ser portadora de doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão.
“O processo aterosclerótico, que é o depósito de gordura nas artérias, começa na primeira década de vida. Se a criança não tiver uma alimentação adequada ela pode ter problemas cardiovasculares bem mais cedo do que se imagina”, alerta o cardiologista Carlos Alberto Machado, diretor de Promoção da Saúde Cardiovascular da SBC.
Existem ainda os casos em que o excesso de peso é causado por fatores genéticos e, portanto, a fome é mais difícil de controlar. Mas, enquanto não for possível interromper a força genética, evitar maus hábitos e promover as boas práticas é uma fórmula que tem mostrado excelentes resultados.
“Hoje em dia as crianças passam cerca de seis horas por dia no computador, videogame ou vendo TV, além do padrão alimentar da população brasileira estar mudando: as pessoas estão deixando de comer arroz, feijão e verduras para comer alimentos super industrializados e carnes gordurosas”, completa Machado.
A pediatra e Nutróloga Christiane Araujo Chaves Leite, membro do Departamento de Nutrologia e Suporte Nutricional da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz que o ambiente em que a criança está também promove ganho de peso. “Às vezes ela vive em um ambiente obesogênico, onde ninguém se alimenta de maneira saudável, todos consomem muitos alimentos gordurosos e açucarados. Essa forma de vida é determinadora da obesidade”
Um mau exemplo, com consequências muito graves, é a criança ser obesa na infância (até seis anos), ela tem um maior risco de excesso de peso durante a fase adulta. Se ela, porém, perde peso na adolescência o risco de excesso de peso reduz na fase adulta.
Poder ver seu bebê gordinho e cheio de dobrinhas é uma alegria para muitos pais, mas para que a criança não tenha excesso de peso, é preciso cuidar da alimentação, desde a saída da maternidade. “Desde cedo não é aconselhável comer chocolate ou exagerar nos doces. Quanto mais a ingestão desses alimentos for retardada, melhor para a criança, pois assim vai aprender a comer frutas, legumes, verduras, arroz, feijão e carne”, explica Christiane, da Sociedade Brasileira de Nutrologia.
Quando crescem um pouco, muitos pais dão recompensas para as crianças quando elas comem bastante e preocupam-se quando a criança recusa comer. A pediatra Christiane diz que isso é um erro porque a criança estará sendo forçada a comer porções maiores, o que poderá tornar um mau hábito.
“É possível confiar na saciedade da criança, mas é preciso prestar atenção no que ela come durante o dia. Se ela fez um lanche muito farto e próximo do horário do jantar, ela realmente vai estar saciada e não se deve insistir. O melhor, porém, é fazer lanches leves para que a criança chegue até a refeição principal com apetite”, explica, ressaltando que essa refeição deve ser balanceada. “Se a criança está comendo menos, mas mantém um bom peso e boa estatura, não há motivos para preocupação”, afirma a nutróloga.
Para a endocrinologista, existem aquelas crianças que são um “saquinho sem fundo”, com um apetite insaciável. Para estas, ela recomenda que, se a criança pedir para repetir o prato, que a segunda porção também seja balanceada como a primeira. “Se na primeira vez ela comeu arroz, feijão, carne e verduras, na segunda vez ela não pode repetir só a carne, o arroz e o feijão, mas sim também as verduras, assim a quantidade da refeição não ficará muito calórica e continuará nutritiva”, explica, lembrando sempre da fruta como sobremesa.
Os conceitos de peso ideal e excesso de peso são muitas vezes errados. De acordo com endocrinologistas, 90% das pessoas pensam que uma criança de peso normal está muito magra “É preciso verificar o Índice de Massa Corporal (IMC) de acordo com a idade antes de afirmar se a criança está muito magra”, explica.
Fonte: saude.ig.com.br